Estude Caso: A influência da educação no desenvolvimento dos países

Não é de hoje que discutimos sobre a importância de uma educação de qualidade focada no desenvolvimento pessoal e do estado. Contudo, a educação é o primeiro setor a sofrer cortes de verbas e é o última a ter mais recurso empregado.

Então, aqui farei um pequeno estudo de caso, de dois países que foram arrasados por guerras e considerados um dos mais pobres em seus continentes.

A avaliação do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) é realizada a cada 3 anos, com alunos na faixa etária de 15 anos, quando a educação básica se encerra na maioria dos países. O modelo educacional implementado pela Finlândia é um dos mais bem sucedidos, pois consegue atuar em cenários socioeconômicos conturbados, realizar investimentos de forma consciente e implementar políticas com continuidade. 

Finlândia

A República da Finlândia se tornou independente em 1918, após uma guerra contra o Império Russo, que resultou em uma economia abalada e uma população dividida. Entre 1939-1940 ocorreu a Guerra de Inverno contra a Rússia o que arrasou ainda mais o país. Em 1950, ainda agrário a Finlândia era o país mais pobre da Europa, contudo nessa época, mesmo sem dinheiro, algumas medidas governamentais foram tomadas e a partir da educação obtiveram mudanças.
Uma dessas medidas foi legendar os programas de TV, pois o custo da legenda era menor que da dublagem, assim o governo conseguiria economizar seus poucos recursos e sem perceber desenvolveu  a leitura e aprendizagem da língua inglesa na população.
Também houve corte nos cargos de coordenadores pedagógicos, mas para compensar o governo investiu no treinamento dos professores  para que continuassem o processo de liderança e qualidade educacional, tornando a formação do professor profissionalizante e prático.
Atualmente para ser professor é necessário ter uma qualificação mínima, o mestrado e apenas os melhores candidatos são classificados.O que tornou mais difícil ser professor do que médico. Atualmente a Finlândia apresenta um dos melhores sistemas educacionais do mundo e, por incrível que pareça esse país não está entre os dez países que mais pagam aos educadores. 
A Base Nacional Comum Curricular da educação finlandesa sofre reformas de tempos em tempos, com intervalos curtos de tempo, no qual discute a abordagem educacional que será implementada. A última foi realizada em 2016 pela Agência Nacional Finlandesa para a Educação, que busca implementar ferramentas que apoiem a educação da melhor maneira possível, cujos os objetivos-chaves e princípios são:
  • aumentar a participação dos alunos, aprender a aprender, responsabilidade.
  • aumentar a significância da aprendizagem e permitir que todos os alunos sintam-se bem sucedidos em seu aprendizado acadêmico e sócio-emocional, formação de cidadãos.
  • estabelecer metas, resolver problemas e avaliar seu próprio aprendizado baseado nas metas estabelecidas.
  • desenvolver habilidades transversais que abrangem tecnologia e vida profissional, construção de habilidades ativas, gerenciar a vida cotidiana e cuidar de si, como de um futuro sustentável.
  • aprendizado multidisciplinar em que cada escola toma pelo menos um tema, curso ou projeto que define o conteúdo que diferentes disciplinas irão abordar durante o ano de acordo com as necessidades e interesses locais.
  • respeito a individualidade de cada aluno, respeitando também os objetivos específicos deles. Cabe ao professor diferenciar suas aulas, em pelo menos 5 níveis diferentes de tarefas na mesma classe e ao mesmo tempo.
  • diversidade na avaliação, na qual há a promoção e orientação do aprendizado, o progresso acadêmico é dado com frequência aos alunos e responsáveis, sempre baseado nos pontos fortes dos alunos.
  • Papel ativo dos estudantes,no qual os professores são responsáveis por facilitar o ensino, estimulando a curiosidade dos alunos, enquanto é papel dos alunos estabelecer metas, refletir e resolver problemas cotidianos.
Tudo só acontece porque atualmente as crianças são estimuladas com kits que podem ser manipulados de diversas formas pelos alunos, cujo objetivo é desenvolver o interesse em ciências, tecnologia, engenharia, design e matemática.
São os alunos que escolhem os desafios nas áreas de robótica, biotecnologia, desenvolvimento de jogos e impressão 3D. E dentro da sala de aula "ninguém fica para trás" - mantra dos alunos e professores.
Fica a critério dos alunos a escolha de até 30% das matérias que estudam, além de atividades que acontecem fora da sala de aula, como em praças, shopping.

Coréia do Sul

A Coréia iniciou sua história de independência em meio de guerras, o que levou ao país ao fundo do poço por volta de 1950.  Após a Guerra da Coréia entre 1950-1953 o PIB per capto do país era de US$883, mais baixo que nações como Moçambique e Senegal. Em menos de 40 anos a Coréia do Sul saiu do ranking dos países mais pobres do mundo para entrar no ranking dos países mais avançados tecnologicamente. 
Inicialmente o governo priorizou a educação adotando a mentalidade de sempre continuar com o trabalho de modernização, priorizou a educação primária até sua universalização. A qualidade do professor é uma preocupação do país, hoje o salário do professor atinge um valor superior que a renda per capta de todos os países da OCDE. O investimento em educação atinge 7,6%do PIB. A estratégia adotada foi assimilar as últimas novidades tecnológicas ao sistema educacional.
Na década de 1970 atingiu a universalização do ensino primário e assim iniciou o plano de destinar recursos para outros níveis educacionais. Em 1990, a Coréia do Sul atingiu o ensino de qualidade universalizado, em seguida reformou o sistema de ensino, cuja finalidade era aproveitar as oportunidades da tecnologia da informação. 
A tecnologia faz parte da sala da aula, e , o plano de "Educação Inteligente" criado em 1996 prepara os alunos para desenvolver soluções tecnológicas. Com isso, em 2000 todas as escolas, incluindo as primárias, tinham pelo menos um laboratório de informática. Além de lousas digitais, livros digitais com textos, vídeos e fotos.
Em 1980 apenas 16% da população estava matriculada em cursos universitários e após 16 anos, 68% da população coreana estava em curso universitário. Toda a população coreana é alfabetizada, devido aos investimentos em educação que levaram o país a uma potência global.
Diferente da Finlândia, na Coréia do Sul as escolas são públicas e obrigatória para crianças entre 6-15 anos e com carga horária diária de 14 anos, durante 5 dias da semana. Exige disciplina, dedicação e esforço, acompanhado do pensamento nacional que o caminho intenso de longas horas de estudo é o caminho para um destino feliz e duradouro.
Talento e habilidade tornam-se o motor do bem-estar individual e sucesso econômico, pois na ausência de habilidade relevantes, as pessoas definham às margens da sociedade, o progresso tecnológico não se traduz em crescimento, o que torna os países incapazes de competir na economia global baseada cada vez mais no conhecimento.
Os testes universitários são bem difíceis, o que leva os alunos a se prepararem a  partir dos 14 anos. Após os 15 anos o ensino se torna pago, contudo a população não acha ruim, encara como uma taxa complementar para financiar o ensino público.
O maciço investimento em educação, focado na formação de professores, material de apoio e melhorias na estrutura e funcionamento das escolas, combinados a cultura de disciplina asiática e valorização de ensino foram responsáveis pelo patamar de qualidade. 

Tanto na Coréia como na Finlândia há um grande respeito aos professores e por suas conquistas acadêmicas.



Referencias