O que esperar do Enem 2020?

Acabei de ler na página da  The Intercept a reportagem ‘Abraham Weintraub, adie o Enem’, suplica Antonia, do sertão de Pernambuco o apelo de uma vestibulanda Antonia, que mora no sertão do Pernambuco, para que o Enem fosse adiado.

Já adianto, isto é uma nota de repudio a posição do governo e do ministério da educação. Se você concorda com eles,então peço que se retire, por gentileza! 

Todos os dias, Antonia, pegava o pau-de-arara para ir a escola, no povoado vizinho, percorre o caminho de chão de terra esburracada. Com a chegada do SARS-COV-2, passou a ter aula, uma vez por semana, via a plataforma online EducaPE. Um ponto ignorado é que grande parte da alunos que frequentam a mesma escola de Antonia tem internet apenas no celular e com um pacote de dados que deixa a desejar para um estudante. Cerca de 25% não tem acesso a internet de forma alguma.
Cerca de grande parte dos alunos de escola pública do país estão nessa situação. Mal conseguem estudar para o exame, e, os que conseguem estudar um pouco é de forma precária, sem auxílio de professores e de qualquer outra pessoa, para retirar dúvidas. Antonia ainda fala da amiga Jayne, que sempre foi boa aluna, mas agora não consegue estudar, pois não tem nenhum acesso a internet. 
Lembrando que bibliotecas estão fechadas, assim como o comercio.
E respondendo a pergunta do título: "O que esperar do Enem 2020?" 
Sinceramente não sei. Não vejo solução para os vestibulando como Antonia e Jayne, simplesmente o ministro concorda com a politica de segregação social descrita durante as eleições do candidato do PSL.
Se você não lembra, o candidato vivia dizendo "A minoria tem que se curvar a maioria" e no caso a minoria são aqueles mais pobres, sem acesso a internet e a um computador, pouco poder aquisitivo.
Enfim, aqueles que viam no Enem a chance de sair da miséria, da pobre extrema, de estudar e trabalhar para melhorar, mesmo que pouco, o padrão de vida.
O Enem era para ser uma prova que a interpretação de texto e de dados contavam mais que a decoreba de fórmulas e conceitos. Tinha o cunho de igualdade, permitindo que mesmo com um conhecimento raso sobre um assunto, ou sem nenhum conhecimento, o aluno (vestibulando) conseguisse resolver, interpretar e responder de forma eficiente cada questão, usando conhecimento prévio, adquirido em sala de aula. Mas agora, as chances se levam a zero.